Um acréscimo -- da lavra de Baudrillard -- àquela polêmica sobre blogs e congêneres:
"Há no cyberespaço a possibilidade de realmente descobrir alguma coisa ? Internet apenas simula um espaço de liberdade e de descoberta (...)
Não mais outro em face, e nada mais de destino final. O sistema gira, desse modo, sem fim e sem finalidade. Resta-lhe a reprodução e involução ao infinito.
Daí a confortável vertigem dessa interação eletrônica e informática, como uma droga (...)
O fato de que a identidade seja a da rede, não a dos indivíduos, e que a prioridade seja dada antes à rede do que aos seus protagonistas, implica a possibilidade de dissimulação, do desaparecimento no espaço impalpável do virtual, e de assim não ser mais localizável, inclusive por si mesmo, o que resolve todos os problemas de identidade, sem contar os problemas de alteridade (...)
A atração das máquinas virtuais origina-se , sem dúvida menos da sede de informação e de conhecimento, ou mesmo de encontro, do que no desejo de desaparecimento e da possibilidade de dissolução numa convivalidade fantasma. Forma de pairar que simula a felicidade; evidência de felicidade precisamente pela ausência de razão para tanto."
( Jean Baudrillard - "Tela Total" - Págs 148/149)
Muitas passagens do artigo (publicado, originalmente, em 1996, no jornal Liberatión) permanecem atuais.
Aliás, tiradas pouco entusiásticas sobre as comunicações na rede não partem apenas de pensadores tidos como radicalmente anti-WEB , como Jean Baudrillard e Paul Virilio . No Brasil, visões igualmente pessimistas continuam sendo corroboradas dentro da academia, em núcleos de discussão como os criados na FAC/UnB e na ECA/USP . Nesta última, cabe citar os exemplos dos diversos projetos originados a partir do extinto 'Coletivo NTC' e vinculados ao ' Núcleo José Reis de Divulgação Científica' .
[ Adriana Paiva ]
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